terça-feira, 17 de abril de 2012

Acidente entre ônibus e carros deixa feridos no Centro de SP


Acidente entre ônibus e carros deixa feridos no Centro de SP

Carro ficou destruído após colisão com ônibuss (Foto: Cristiano Novais/ AE)
Um acidente envolvendo um ônibus de transporte privado e sete carros deixou ao menos duas pessoas feridas na tarde desta terça-feira (17) na região central de São Paulo, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). A colisão aconteceu na Rua Major Sertório, na altura da Rua Doutor Cesário Mota Júnior, por volta das 16h40.
A via teve que ser completamente bloqueada. De acordo com o Corpo de Bombeiros, oito equipes da corporação foram enviadas ao local para prestar os primeiros socorros às vítimas. Um dos feridos foi socorrido ao Pronto-Socorro Santa Isabel. A Polícia Militar também foi acionada.
Às 18h, o trânsito na Rua Major Sertório permanecia interditado. Segundo a CET, os motoristas que passavam pela região eram desviados para as ruas Santa Isabel e Amaral Gurgel.
Fonte:g1.com

Reino Unido deve superar Brasil em 2012 e registrar 6º maior PIB, diz FMI


Reino Unido deve superar Brasil em 2012 e registrar 6º maior PIB, diz FMI



O relatório “World Economic Outlook”, com perspectivas para a economia global, divulgado nesta terça-feira (17) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), projeta que a economia brasileira voltará a ser superada pelo Reino Unido em 2012 e que o país cairá para a posição de 7ª maior economia global.
O FMI projeta que a economia brasileira voltará a crescer mais que a britânica em 2012, mas prevê, entretanto, que o PIB nominal brasileiro em dólares ficará abaixo do PIB do Reino Unido. Ou seja, o FMI indiretamente prevê uma alta do dólar em relação ao real.
O fundo prevê um crescimento de 3% para o PIB brasileiro e de 0,8% para o PIB britânico em 2012. Já o PIB brasileiro em dólar deverá somar US$ 2,449 trilhões, abaixo dos US$ 2,452 trilhões do Reino Unido, segundo o relatório.
Em 2011, segundo os dados consolidados do FMI, o Brasil registrou o 6º maior Produto Interno Bruto (PIB) nominal. A economia brasileira alcançou em dólares US$ 2,492 trilhões em 2011, ante US$ 2,4217 trilhões da britânica. Foi a primeira vez que o PIB brasileiro apareceu à frente do britânico.
A ultrapassagem em 2011 se explica em grande parte pelos desempenhos das duas economias no ano passado: enquanto o Brasil cresceu 2,7%, a Grã-Bretanha teve expansão de 0,7%. Outro fator que teve peso no resultado foi a acentuada apreciação do real no período, superior à valorização da libra.
Ranking de países por PIB nominal (em US$ trilhões)
Posição20112012 (Projeção)
EUA (15,094)EUA (15,609)
China (9,729)China (7,991)
Japão (5,869)Japão (5,980)
Alemanha (3,577)Alemanha (3,478)
França (2,776)França (2,712)
Brasil (2,492)Reino Unido (2,452)
Reino Unido (2,417)Brasil (2,449)
Itália (2,198)Itália (2,066)
Rússia (1,850)Rússia (2,021)
10ºCanadá (1,736)Canadá (1,804)
Fonte: Fundo Monetário internacional
Câmbio 
Uma das explicações para a Grã-Bretanha voltar a superar o Brasil em 2012, mesmo a economia brasileira tendo uma previsão de crescimento maior, seria uma maior depreciação do real frente ao dólar em 2012 na comparação com a média do ano passado, ao passo em que o FMI projeta uma valorização da libra frente ao dólar.
"Pelo que vimos nos últimos dois, três meses, está claro que há uma política nesse sentido no Brasil, e o FMI deve estar levando isso em conta. O câmbio que tem rodado por volta de R$ 1,85, puxado por intervenções da Fazenda e por ações contundentes do do Banco Central no mercado comprador", afirma Silvio Campos, da consultoria Tendências.
O FMI projeta uma apreciação de 1,75% da libra frente ao dólar em 2012. Pelos cálculos da Rosenberg & Associado, o real deve ter uma desvalorização de 8,9% frente ao dólar neste ano.
"Em 2011, a cotação do dólar teve a média de R$ 1,67. Para 2012, estamos projetando uma média de R$ 1,82 no ano", afirma o analista Daniel Lima. "Quando se compara PIBs em dólares sempre há esse efeito do câmbio, por isso o melhor é sempre comprar o PIB per capita, e neste critério o Brasil continua bem atrás", acrescenta.
No relatório divulgado nesta terça-feira , o FMI elevou a previsão de crescimento mundial deste ano em 0,2 pontos percentuais, em relação às projeções de janeiro, para 3,5%. O PIB dos Estados Unidos teve a previsão aumentada em 0,3 p.p, para 2,1%, e o Brasil, em 0,1 p.p, para 3%. Para a América Latina, Fundo aumentou estimativa de crescimento para 3,7% em 2012.
O fundo apontou que o desempenho no terceiro trimestre foi em linha com as previsões do relatório de setembro de 2011. “O PIB de muitas economias emergentes foi de certa forma mais fraco que o esperado, mas o crescimento surpreendeu para o positivo nas economias avançadas”, disse o relatório. Uma virada negativa no quarto trimestre é atribuída principalmente à zona do euro.
Fonte:g1.com

domingo, 15 de abril de 2012

Anti-E.U.A: Na America?


A falta de consenso em relação à participação de Cuba nos próximos encontros regionais e ao apoio à Argentina, que reivindica a soberania sobre as Ilhas Malvinas, invibializou uma declaração conjunta dos líderes presentes à 6ª Cúpula das Américas, realizada neste final de semana em Cartagena das Índias, na Colômbia.
Pela primeira vez, países aliados dos Estados Unidos, como a Colômbia, reforçaram a demanda para que Cuba estivesse presente na próxima reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA). Cuba foi excluída da OEA anos depois da Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro, em 1959, e não participa das cúpulas americanas por causa da oposição dos Estados Unidos e do Canadá.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, cobrou abertamente uma mudança de atitude em relação à ilha comunista. "O isolamento, o embargo, a indiferença, olhar para o outro lado, vêm sendo ineficazes", afirmou o anfitrião do evento.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não falou sobre Cuba durante o evento na Colômbia. Mas queixou-se de questões da Guerra Fria, algumas anteriores a seu nascimento, prejudicarem as perspectives de integração regional.
O assessor presidencial para Assuntos Internacionais do Brasil, Marco Aurélio Garcia, disse à agência France Presse que os presidentes não assinaram a declaração final devido à decisão de Estados Unidos e Canadá de vetar a proposta de convidar Cuba para as próximas cúpulas e de não apoiar a reivindicação argentina de soberania sobre as ilhas Malvinas, sob controle da Grã-Bretanha.
"Não houve possibilidade de uma declaração conjunta. Estados Unidos e Canadá não estão de acordo com Cuba e Malvinas", afirmou Garcia à rádio colombiana RCN.

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, deixou Cartagena em direção a Buenos Aires pela manhã, antes do final da cúpula. A reunião bilateral que estava programada entre o colombiano Juan Manuel Santos e a presidente Dilma Rousseff, ao final do encontro, acabou sendo cancelada.
Em comunicado, a Presidência argentina informou que Cristina Kirchner pronunciou um discurso no qual "agradeceu o apoio e a solidariedade de mais de 30 países pelas Malvinas".
"Todos os países na América Latina e no Caribe apoiam Cuba e Argentina, embora dois países se recusem a discutir isso", afirmou o presidente boliviano, Evo Morales. "Como é possível que Cuba não esteja presente na Cúpula das Américas?", indagou Morales. "De que tipo de integração estamos falando se excluímos Cuba?"
Por causa da questão cubana, o presidente do Equador, Rafael Correa, boicotou o evento. O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, também não participou da cúpula. Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua e algumas nações caribenhas afirmaram que não participarão de outras cúpulas se Cuba for excluída.
Também não houve acordo durante a cúpula sobre as alternativas para a luta antidrogas na região. "No outro tema central, como é o do debate sobre as drogas e sua descriminalização, também não foram alcançados consensos entre os países, o que significou outro obstáculo para a assinatura de uma declaração final da VI Cúpula das Américas", disse a presidência argentina em seu site.

Presidentes que participam da Cúpula das Américas, na Colômbia, se reúnem para foto oficial na área externa do centro de convenções onde acontece o encontro, em Cartagena das Índias (Foto: Reuters)
RepetiçãoEm 2009, em Trinidad e Tobago, onde ocorreu a edição anterior da cúpula, a falta de consenso a respeito dos temas em discussão também impediu a formulação de uma declaração conjunta dos líderes dos países participantes.
O ambiente da cúpula de Cartagena contrastou com o de 2009, quando Obama, lobo após ter sido eleito, foi recebido como uma estrela. Desta vez, o presidente norte-americana enfrentou desconforto nos dois dias do encontro na Colômbia, do qual participaram mais de 30 chefes de Estado.
Dezesseis integrantes da segurança pessoal da delegação dos EUA foram pegos em um embaraçoso escândalo de prostituição e o Brasil e outros países criticaram duramente o expansionismo monetário adotado por países ricos. Obama também ficou na defensiva diante das demandas pela legalização de drogas
Colômbia e Estados Unidos
Durante a cúpula,  o representante norte-americano para o comércio, Ron Kirk, anunciou que entrará em vigor no próximo dia 15 de maio o Tratado de Livre Comércio entre Colômbia e Estados Unidos.
"Os governos de Estados Unidos e Colômbia concluíram o trabalho técnico. A Colômbia já aprovou as leis e regulamentos necessários para que o TLC entre em vigor no próximo dia 15 de maio", disse Kirk.
O tratado foi ratificado pelo Congresso americano em outubro passado, após um bloqueio de mais de cinco anos por parte de legisladores democratas, que criticavam o desempenho da Colômbia sobre direitos trabalhistas e liberdade sindical.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, se comprometeu com Obama a melhorar os direitos trabalhistas e a liberdade sindical e a aprovar a legislação exigida pelos Estados Unidos referente à propriedade intelectual.
Obama também acertou com o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, o aprofundamento da cooperação bilateral em matéria de segurança. O Plano de Ação Regional de Cooperação em Segurança entre Colômbia e Estados Unidos é uma resposta ao "aumento da insegurança gerada pelo crime organizado internacional", destacou o departamento americano de Estado em um comunicado.
Fonte:g1.com

sexta-feira, 13 de abril de 2012


LDO projeta aumento de 7,3% no salário mínimo para o ano que vem



O salário mínimo em 2013 poderá chegar a R$ 667,75, o que corresponde a um reajuste de 7,3% em relação ao atual. O valor consta no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), divulgado nesta sexta-feira (13/4) pelo Ministério do Planejamento. A equipe econômica projeta ainda mínimo de R$ 729,20 para 2014 e de R$ 803,93 para o ano seguinte – o que resulta em aumento de 29% acumulados até 2015.

A LDO apresenta os parâmetros que servirão de base para a elaboração do Orçamento-Geral da União do próximo ano. O projeto manteve as projeções oficiais para a inflação e para o crescimento econômico.

O crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) continuou estimado em 5,5% para 2013. A inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também não variou em relação aos números divulgados em fevereiro pela equipe econômica e ficou em 4,5%, um pouco menos que os 4,7% estimados para este ano.

O Planejamento estima taxa de câmbio média de R$ 1,84 para 2013, contra a taxa de R$ 1,76 em 2012. Os juros básicos da economia, de acordo com o projeto da LDO, deverão encerrar 2012 em 9,75% ao ano e atingir 8,5% ao ano no fim de 2013.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Supremo decide por 8 a 2 que aborto de feto sem cérebro não é crime



Supremo decide por 8 a 2 que aborto de feto sem cérebro não é crime



Após dois dias de debate, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (12) que grávidas de fetos sem cérebro poderão optar por interromper a gestação com assistência médica. Por 8 votos a 2, os ministros definiram que o aborto em caso de anencefalia não é crime.
A decisão, que passa a valer após a publicação no "Diário de Justiça", não considerou a sugestão de alguns ministros para que fosse recomendado ao Ministério da Saúde e ao Conselho Federal de Medicina que adotassem medidas para viabilizar o aborto nos casos de anencefalia. Também foram desconsideradas as propostas de incluir, no entendimento do Supremo, regras para a implementação da decisão.

Plenário do STF durante julgamento do aborto de feto sem cérebro (Foto: Nelson Jr. / STF)
O Código Penal criminaliza o aborto, com exceção aos casos de estupro e de risco à vida da mãe, e não cita a interrupção da gravidez de feto anencéfalo. Para a maioria do plenário do STF, obrigar a mulher manter a gravidez diante do diagnóstico de anencefalia implica em risco à saúde física e psicológica. Aliado ao sofrimento da gestante, o principal argumento para permitir a interrupção da gestação nesses casos foi a impossibilidade de sobrevida do feto fora do útero.
“Aborto é crime contra a vida. Tutela-se a vida em potencial. No caso do anencéfalo, não existe vida possível. O feto anencéfalo é biologicamente vivo, por ser formado por células vivas, e juridicamente morto, não gozando de proteção estatal. [...] O anencéfalo jamais se tornará uma pessoa. Em síntese, não se cuida de vida em potencial, mas de morte segura. Anencefalia é incompatível com a vida”, afirmou o relator da ação, ministro Marco Aurélio Mello.

Ao final do julgamento, uma manifestante se exaltou e os ministros deixaram o plenário enquanto ela gritava palavras de ordem. "Eu tenho vergonha. Hoje para mim foi rasgada a Carta Magna. Se ela não protege os indefesos, que dirá a nós", disse Maria Angélica de Oliveira Farias, advogada e participante de uma associação de espíritas.
O voto do ministro Marco Aurélio foi acompanhado pelos ministros Ayres Britto, Luiz Fux, Joaquim Barbosa, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Celso de Mello. Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso, presidente da corte, foram contra. O caso foi julgado por 10 dos 11 ministros que compõem a Corte. Dias Toffoli não participou porque se declarou impedido, já que, quando era advogado-geral da União, se manifestou publicamente sobre o tema, a favor do aborto de fetos sem cérebro.
"Um bebê anencéfalo é geralmente cego, surdo, inconsciente e incapaz de sentir dor. Apesar de que alguns indivíduos com anencefalia possam viver por minutos, a falta de um cérebro descarta complementamente qualquer possibilidade de haver consciência. [...] Impedir a interrupção da gravidez sob ameaça penal equivale à tortura”, disse o ministro Luiz Fux.
O entendimento do Supremo valerá para todos os casos semelhantes, e os demais órgãos do Poder Público estão obrigados a respeitá-lo. Em caso de recusa à aplicação da decisão, a mulher pode recorrer à Justiça para interromper a gravidez.

A decisão foi tomada pelo STF ao analisar ação proposta em 2004 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde, que pediu ao Supremo a permissão para, em caso de anencefalia, ser interrompida a gravidez.
Os ministros se preocuparam em ressaltar que o entendimento não autoriza “práticas abortivas”, nem obriga a interrupção da gravidez de anencéfalo. Apenas dá à mulher a possibilidade de escolher ou não o aborto em casos de anencefalia.
“Faço questão de frisar que este Supremo Tribunal Federal não está decidindo permitir o aborto. [...] Não se cuida aqui de obrigar. Estamos deliberando sobre a possibilidade jurídica de um médico ajudar uma pessoa que esteja grávida de feto anencéfalo de ter a liberdade de seguir o que achar o melhor caminho”, disse Cármen Lúcia.

O ministro Marco Aurélio Mello, que relatou a ação que pediu liberação do aborto para feto anencéfalo (Foto: Fellipe Sampaio / SCO / STF )
Julgamento
O julgamento começou na manhã desta quarta-feira (11) e cerca de sete horas depois foi interrompido quando já havia cinco votos favoráveis à permissão de aborto de anencéfalos.
O primeiro dia foi marcado por vigílias de grupos religiosos e de defesa da vida e pela presença, no plenário, de mulheres que sofreram gravidez de feto anencéfalo e de uma criança que chegou a ser diagnosticadascom a doença e sobreviveu após o parto. A sessão foi retomada na tarde desta quinta com o voto do ministro Ayres Britto, em defesa do aborto diante do diagnóstico de anencefalia. Foram mais de seis horas de julgamento nesta quinta - cerca de 13 horas de debates no total.
“[O aborto do feto anencéfalo] é um direito que tem a mulher de interromper uma gravidez que trai até mesmo a ideia-força que exprime a locução ‘dar à luz’. Dar à luz é dar à vida e não dar à morte. É como se fosse uma gravidez que impedisse o rio de ser corrente”, afirmou o ministro Ayres Britto, cujo voto definiu a maioria dos ministros a favor do aborto de feto anencéfalo.
Celso de Melo destacou que a gravidez de anencéfalo "não pode ser taxada de aborto". "O crime de aborto pressupõe gravidez em curso e que o feto esteja vivo. E mais, a morte do feto vivo tem que ser resultado direto e imediato das manobras abortivas. [...] A interrupção da gravidez em decorrência da anencefalia não satisfaz esses elementos."
Tema controverso
O pedido da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde foi atendido pelo STF após oito anos de tramitação do processo. Em 2004, o relator chegou a liberar o aborto de anencéfalos em decisão liminar (provisória), que meses depois foi derrubada pelo plenário. Em 2008, audiências públicas reuniram cientistas, médicos, religiosos e entidades da sociedade civil para discutir o tema controverso.

Para a entidade, não se trata de aborto, mas da “antecipação terapêutica do parto”, diante da inviabilidade de sobrevivência do feto.
"A interrupção nesses casos não é aborto. Então, não se enquadra na definição de aborto do Código Penal. O feto anencefálico não terá vida extra-uterina. No feto anencefálico, o cérebro sequer começa a funcionar. Então não há vida em sentido técnico e jurídico. De aborto não se trata", afirmou o advogado da entidade, Luís Roberto Barroso durante sua sustentação oral no plenário do STF.
Entidades religiosas
O ministro Gilmar Mendes criticou a opção do relator por não incluir como partes da ação entidades religiosas. Para ele, o debate precisava ser “desemocionalizado”.
“Essas entidades são quase que colocadas no banco dos réus como se tivessem fazendo algo de indevido e não estão. É preciso ter muito cuidado com esse tipo de delírio desses faniquitos anticlericais”, afirmou Mendes.

Divergência
Apenas os ministros Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso se manifestaram contra o aborto de fetos sem cérebro, entre os dez que analisaram o tema.
Para Lewandowski, o Supremo não pode interpretar a lei com a intenção de “inserir conteúdos”, sob pena de “usurpar” o poder do Legislativo, que atua na representação direta do povo. Ele afirmou que o assunto e suas conseqüências ainda precisam ser debatidos pelos parlamantares.
"Uma decisão judicial isentando de sanção o aborto de fetos anencéfalos, ao arrepio da legislação existente, além de discutível do ponto de vista científico, abriria as portas para a interrupção de gestações de inúmeros embriões que sofrem ou viriam sofrer outras doenças genéticas ou adquiridas que de algum modo levariam ao encurtamento de sua vida intra ou extra-uterina", disse.

O presidente do Supremo, ministro Cezar Peluso, que se manifestou contra o aborto de feto sem cérebro (Foto: Fellipe Sampaio / SCO / STF)
Peluso comparou o aborto de fetos sem cérebro ao racismo e também falou em "extermínio" de anencéfalos. Para o presidente do STF, permitir o aborto de anencéfalo é dar autorização judicial para se cometer um crime.
"Ao feto, reduzido no fim das contas à condição de lixo ou de outra coisa imprestável e incômoda, não é dispensada de nenhum ângulo a menor consideração ética ou jurídica nem reconhecido grau algum da dignidade jurídica que lhe vem da incontestável ascendência e natureza humana. Essa forma de discriminação em nada difere, a meu ver, do racismo e do sexismo e do chamado especismo", disse Peluso.
"Todos esses casos retratam a absurda defesa em absolvição da superioridade de alguns, em regra brancos de estirpe ariana, homens e ser humanos, sobre outros, negros, judeus, mulheres, e animais. No caso de extermínio do anencéfalo encena-se a atuação avassaladora do ser poderoso superior que, detentor de toda força, infringe a pena de morte a um incapaz de prescendir à agressão e de esboçar-lhe qualquer defesa", completou o presidente do STF, que proferiu seu voto antes de proclamar o resultado do julgamento.
Anencefalia
O relator do caso, ministro Marco Aurélio, citou dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), referentes ao período entre 1993 e 1998, segundo os quais o Brasil é o quarto país no mundo em incidência de anencefalia fetal, atrás de Chile, México e Paraguai. De acordo com o ministro Gilmar Mendes, dos 194 países vinculados à Organização das Nações Unidas (ONU), 94 permitem o aborto quando verificada a ausência parcial ou total de cérebro no feto.
A chamada anencefalia é uma grave malformação fetal que resulta da falha de fechamento do tubo neural (a estrutura que dá origem ao cérebro e a medula espinhal), levando à ausência de cérebro, calota craniana e couro cabeludo. A junção desses problemas impede qualquer possibilidade de o bebê sobreviver, mesmo se chegar a nascer.
Estimativas médicas apontam para uma incidência de aproximadamente um caso a cada mil nascidos vivos no Brasil. Cerca de 50% dos fetos anencéfalos apresenta parada dos batimentos cardíacos fetais antes mesmo do parto, morrendo dentro do útero da gestante, de acordo com dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Um pequeno percentual desses fetos apresenta batimentos cardíacos e movimentos respiratórios fora do útero, funções que podem persistir por algumas horas e, em raras situações, por mais de um dia. O diagnóstico pode ser dado com total precisão pelo exame de ultrassom e pode ser detectado em até três meses de gestação.
Fonte:g1.com