terça-feira, 8 de maio de 2012

O que têm em comum um terrorista, o aquecimento global e o mau gosto?




Campanha do Heartland Institute
São Paulo - Conhecido por contestar as evidências da influência humana sobre oaquecimento global e difundir o ceticismo quanto às teses mais alarmistas, o Instituto americano Heartland entrou numa saia justa desagradável com sua mais recente – e impopular - campanha de negação das mudanças climáticas.
Na semana passada, a entidade independente instalou numa via expressa de Maywood, em Illinois, nos EUA, um outdoor digital com a imagem de Ted Kaczynski, também conhecido como “Unabomber” - um matemático terrorista americano condenado à prisão perpétua por uma série atentados à bomba -, acompanhada do seguinte slogan: “Eu ainda acredito no aquecimento global. E você?”.
O outdoor alternava a imagem do criminoso com outros assassinos famosos como Osama Bin Laden e Charles Manson e figuras tão controversas como Fidel Castro. Não é de se espantar que a campanha tenha gerado polêmica. Por essa razão, ficou apenas 24h no ar, sendo retirada logo no dia seguinte. Para botar mais lenha na fogueira, o Heartland publicou um comunicado em seu site, dizendo que "os defensores mais proeminentes do aquecimento global não são cientistas. Eles são assassinos, tiranos e loucos".
A proposta do outdoor, segundo o Instituto, era reproduzir o “efeito terrorista” que - acredita a entidade - o discurso apocalíptico do aquecimento global pode gerar sobre as pessoas “ao impor uma sentença de morte em massa para nossos filhos”. Em comunicado à imprensa, o grupo sublinha que “o outdoor foi deliberadamente provocativo, numa tentativa de virar a mesa sobre os alarmistas do clima, utilizando suas próprias táticas, mas com a mensagem oposta”.
Efeito colateral
Apesar da estranheza provocada, o Heartland afirma que foi bem sucedido em seu intuito de chamar a atenção em massa da população e da mídia americana pelo bem ou pelo mal. Mas a realidade, na prática, se mostrou bem ríspida. Sem perceber (ou ignorando os riscos), o Instituto entrou numa senhora saia justa com alguns de seus patrocinadores, grupos de peso como Microsoft, General Motors e Diageo, dono das marcas Guinness, Smirnoff e Johnnie Walker.
Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o Grupo do ramo de bebidas, que há dois anos doou 10 mil dólares ao Heartland para um projeto de imposto especial sobre consumo, afirmou que não tem mais planos de trabalhar com o Instituto no futuro. Por sua vez, a Microsoft, que doou cerca de 60 mil dólares em 2011, também disse que não endossa as opiniões do Heartland sobre as alterações climáticas.
Em seu blog, o diretor de sustentabilidade da empresa de software, Steven Lippman, escreveu que a mudança climática é uma questão séria e que exige atenção imediata. “O Instituto Heartland não fala pela Microsoft. Na verdade, a posição do Heartland  sobre a mudança climática é diametralmente oposta à posição da Microsoft. Discordo completamente da campanha do grupo, uma publicidade inflamada e de mau gosto”, disse ele. Difícil não concordar. 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Uma em cada sete acredita que fim do mundo está próximo, diz pesquisa



Uma em cada sete acredita que fim do mundo está próximo

Crença no fim do mundo (Foto: Reuters)
Um estudo realizado pela Ipsos Global Public Affairs, com sede em Nova York, revela que quase 15% da população mundial acredita que o fim do mundo ocorrerá durante sua vida, e 10% dos entrevistados acham que o calendário maia pode significar que vai acontecer em 2012.
Mas seriam os mais pessimistas os únicos que esperam testemunhar o fim do mundo? Como consequência da exposição na mídia da chamada profecia maia, que para alguns significa fixar a data do fim do mundo em 21 de dezembro 2012, era de se esperar análises e reflexões sobre este assunto - mas necessariamente não os impactos na pesquisa.
Embora acadêmicos e especialistas tenham dito que não é verdade que os Maias previram o fim do mundo, a ideia ressoou e foi a inspiração para exposições, livros, documentários e até mesmo para um filme.
Na pesquisa, um em dez acredita que 'o calendário maia, que alguns afirmam terminar em 2012, marca o fim do mundo', e outros 8% admitem ter sentido 'ansiedade e medo de que o mundo vai acabar em 2012'.
Razões desconhecidas
Keren Gottfried, pesquisadora-chefe da Ipsos, disse à BBC que a própria agência foi surpreendida com as respostas das 16.262 pessoas, em mais de 20 países, que participaram no estudo.
'Pela primeira vez fizemos esta pergunta e, portanto, não se pode fazer uma comparação ao longo do tempo', explica ela. 'Uma em cada sete pessoas acredita que o mundo vai acabar no curso de sua vida. É um número bastante elevado e acreditamos que devemos continuar pesquisando', acrescentou.
Para este estudo, os pesquisadores não perguntaram aos entrevistados quais eram suas razões para acreditar que o mundo poderia acabar porque, diz Gottfried, ninguém sabia quantas pessoas iriam dizer acreditar no fim iminente do mundo.
'Se fosse uma percentagem muito pequena, teríamos obtido uma mostra de pouco valor. Agora sabemos que há número suficiente de pessoas que acreditam no fim do mundo e podemos nos aprofundar nos acontecimentos que podem provocá-lo', acrescenta.
Além disso, um em cada dez pessoas sentem ansiosos ou com medo reconhecido por acreditar que o fim do mundo ocorrerá em dezembro deste ano.
Mais velho, menos temeroso
Os chineses, turcos, russos, mexicanos e sul-coreanos são os mais creem na aproximação do fim do mundo, com 20% dos entrevistados, contra 7% na Bélgica e 8% no Reino Unido.
As pessoas com menor escolaridade ou renda, e aqueles com menos de 35 anos, são mais propensos a acreditar que o 'Apocalipse' vai ocorrer durante a sua vida ou até mesmo em dezembro de 2012, e são mais propensos a sofrer de ansiedade ou medo com a perspectiva.
A tranquilidade dos mais velhos é explicada pelos anos já vividos ou talvez seja uma questão de sabedoria com certos tons de ceticismo? 'Talvez aqueles que são idosos viveram o suficiente para não se preocupar com o que acontece no futuro', diz Gottfried, que se diz atraída pela pela ideia de que os mais velhos são mais céticos por terem superado outras crises, o que poderá motivar estudo futuro.

Fonte:g1.com.br